quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tenham vergonha


Que os portugueses não têm a classe política e os políticos em geral em boa conta, já se sabe, mas diga-se em abono da verdade, que os agentes políticos nada fazem para contrariar esse estado de coisas.
Vem isto a propósito do lamentável episódio, desencadeado pelo novo Conselheiro de Estado Bagão Félix.

De acordo com as afirmações desse Conselheiro, na reunião do órgão de aconselhamento do Presidente da República, realizada na passada quinta-feira, terá sido analisada a possibilidade de o estado português efectuar um pedido de empréstimo intercalar, para fazer face às necessidades de financiamento do estado português.
Esta posição de Bagão Felix, surgiu em contraponto, com as afirmações produzidas pelo Primeiro Ministro, em entrevista televisiva dada na passada segunda-feira, em que negou que o assunto do empréstimo intercalar tenha sido discutido na referida reunião do Conselho de Estado.
Posteriormente, os também Conselheiros de Estado Almeida Santos e Carlos César, vieram desmentir categoricamente que tal assunto tenha sido abordado.

Chegados aqui e face aos dados actualmente disponíveis, apenas podemos concluir uma coisa, algum ou alguns destes Conselheiros de Estado estão a mentir.
Ora, se o conteúdo daquelas reuniões, passou a ser comentado publicamente, mesmo que seja com a intenção de contrariar algo que outra pessoa disse, importa num momento tão grave como o que o país atravessa, perceber se o Primeiro Ministro mentiu e então estamos perante mais um caso, que pode contribuir para reforçar a opinião daqueles que entendem que José Sócrates tem graves problemas de carácter, ou Bagão Félix mentiu e estamos perante uma grave situação, porque está a usar o cargo para atacar politicamente o Primeiro Ministro e podem os defensores da opinião que José Sócrates foi por diversas vezes alvo de campanhas negras, encontrar aqui mais um reforço para cimentar essa opinião.

Numa altura em que é tão importante, saber se temos políticos a altura do momento que atravessamos, será da maior importância apurar a verdade.
Isto porque estamos a falar de um Primeiro Ministro, demissionário mas recandidato ao lugar e de um Conselheiro de Estado escolhido pelo próprio Presidente da República.

Aliás, tendo em conta a situação, seria recomendável que o próprio Presidente esclarecesse o assunto, para que os portugueses possam ir votar em Junho com mais informação sobre o carácter de algumas das personalidades políticas da actualidade com mais responsabilidades.

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