segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pobre Cacém, Pobre Sintra.


O Jornal Inglês Guardian, escreveu a propósito da recente transferência para o Manchester United, de Tiago Manuel Dias Correia, conhecido no mundo desportivo por Bébé, dois artigos em que fazia uma descrição do percurso de vida do jogador, referindo-se às suas origens humildes, aos clubes onde jogou e ao local onde nasceu e viveu: CACÉM

No primeiro artigo, o Guardian refere-se ao Cacém nestes termos "...a ramshackle dormitory towm on the outskirts of Lisbon.", traduzido da forma menos agressiva que encontrámos, pode ler-se "uma cidade dormitório decrépita, nos arredores de Lisboa"

No segundo artigo, mais rico em descrições sobre o concelho de Sintra, pode ler-se "Bébé – or Tiago Manuel Dias Correia to give him his proper name – was born to Cape Verdean parents, the same as his new colleague Nani. This was in the Sintra municipality, a region of great natural beauty, with its national park, the mountain range, the Pena Palace and the ninth century Castelo dos Mouros.

Thousands of Lisbon people come here as tourists each year and Lord Byron talked of it being "the most beautiful place in the world" but Bébé's family lived in poverty in Cacem, a dormitory town described by one travel journalist as "an awful place, sharing neither the beauties of the countryside, nor the cultural richness of a real city", ....Cacém, lugar horrível, que não partilha nem das belezas do campo, nem da riqueza cultural da cidade.

Ao chegar ao fim da leitura, dos dois artigos, assolou-me um misto de sensações.

Por um lado satisfação pelo sucesso de Bébé, por outro uma profunda tristeza, por ver o Cacém, tratado e visto desta maneira.

Será aceitável, que uma cidade onde vivem 120 000 pessoas, esteja condenada a um declinio tal?

Será que depois da intervenção do programa Polis, que requalificou parte da baixa da cidade, não se impõe realizar uma operação de atractividade junto de investidores e entidades públicas, para trazer para ali equipamentos de qualidade, que retrocedam esta tendência mórbida?

Que a coragem e a vontade de Bébé, sirvam de exemplo para quem pode fazer alguma coisa pelo Cacém.

1 comentário:

  1. As autarquias de facto têm um grande peso na vida das comunidades e das cidades.
    Curioso é ver os partidos e os candidatos, nas campanhas fazerem auscultações aos clubes, fazerem o levantamento dos problemas, como se fossem capazes de resolverem e motivarem as associações. Findo as eleições, parece que que os clubes deixaram de ter interesse politico.
    Na época de 2006/2007, havia na cidade de Agualva-Cacém 3 equipas na 3ª Divisão Nacional de Futsal, a saber: a CUC,Novos Talentos e mira Sintra. Algumas freguesias acharam que não tinha interesse, que clubes vindos do Norte do País nos visitassem, que não era muito importante levar o nome da Freguesia eo nome da cidade para além do Concelho. Por isso pelo menos uma equipa deixou de competir, acabando mesmo por deixar de haver futebol no clube.
    As Cidades não são só betão, são essencialmente pessoas.

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